segunda-feira, 27 de maio de 2013

Governador Antonio Anastasia apoia Criação da Região Metropolitana do Triângulo e anuncia investimentos


Em entrevista exclusiva ao CORREIO de Uberlândia, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), afirmou que apoia o projeto de criação da Região Metropolitana do Triângulo Mineiro, que está em tramitação na Assembleia Legislativa. Ele, no entanto, faz ressalvas sobre a extensão dessa integração e cita a falta de conurbação, que é a não unificação da malha urbana entre duas ou mais cidades da região triangulina. “Creio que o melhor termo não seria Região Metropolitana do Triângulo, mas sim uma Região Metropolitana entre Uberaba e Uberlândia”, afirmou.

Apesar de considerar um empreendimento complicado de ser executado, o governador afirmou que a região metropolitana entre as duas maiores cidades triangulinas teria o impulso necessário caso fosse implantado um aeroporto internacional de cargas entre Uberlândia e Uberaba.
Ele defende que o novo aeroporto seja construído e operado em conjunto pelos governos federal e estadual, pelas duas prefeituras e pela iniciativa privada. “Acho que uma PPP [Parceria Público-Privada] calharia muito bem, até pela posição estratégica do Triângulo Mineiro, que é a capital do grande oeste do Brasil. Acho que é uma possibilidade muito grande e que o nosso pessoal já está estudando para, em parceria com as autoridades locais e lideranças empresariais, conceber essa visão”, afirmou Anastasia.
O governador atendeu a reportagem antes da inauguração da nova sede do Grupo Algar, em Belo Horizonte, no dia 16 deste mês. Na data, ele retornava de uma viagem a Nova York, onde fez apresentação do Estado de Minas Gerais para investidores internacionais. “Quando dizem que o mineiro trabalha em silêncio, temos que acabar com essa frase, que é muito nociva.”
Sobre definições políticas para 2014, Anastasia afirmou que trabalha com a hipótese de sair candidato a senador no ano que vem, mas que a discussão ainda é prematura. “Há uma ansiedade e uma antecipação muito grande neste ano. As eleições ainda estão muito distantes”, disse.

CORREIO de Uberlândia – Há previsões de novos investimentos estaduais no Triângulo Mineiro e, em especial, em Uberlândia?
Antonio Anastasia - Nós acabamos de lançar investimentos expressivos no Estado. Lançamos o programa Pró-município, no valor de R$ 2,1 bilhões, para municípios de todos os tamanhos nas áreas de educação, saúde e infraestrutura. O BDMG também lançou um investimento de R$ 700 milhões para municípios. Pela Copasa também foram cerca de R$ 4 bilhões. Em breve, anunciaremos um investimento no setor de energia elétrica para melhorar a distribuição de energia nos municípios mineiros. No Triângulo Mineiro temos várias estradas que o Estado está realizando. Não só o famoso trecho entre Uberlândia e Campo Florido, em perfeita execução e que vou inaugurar completamente pronto no ano que vem, como também os outros trechos do [programa] “Caminho de Minas”. Recentemente, em uma visita a Ituiutaba, nós demos a ordem de serviço do Pró-MG na região do Pontal. Em Uberlândia, o próximo investimento será o contorno sul, que também é uma obra que compõem o Caminho de Minas.

O asfaltamento do trecho entre Campo Florido e Frutal, que completará a integração mais curta de Uberlândia com aquela parte do Pontal do Triângulo, também será concluído no ano que vem?
Primeiro vamos terminar até Campo Florido. De Campo Florido até Frutal é outro projeto que deverá ser feito posteriormente. Na realidade, estrada, eu já percebi que é assim: quando realizamos uma, fica pronta, imediatamente, há uma demanda de continuidade. Estamos também fazendo trechos entre Uberaba e Conceição das Alagoas, de Perdizes, e mais duas na região de Frutal. Outra estrada, construída em formato de PPP, já está quase pronta para fazer a ligação da Usina Tejuco.

Como tem sido o andamento das execuções dessas PPPs em Minas?
Tem andado bem. Inclusive, estive em Nova York para mostrar, na sede da Bloomberg, o ambiente favorável para investimentos em Minas Gerais. No Brasil, como um todo. Estávamos eu, o presidente do BNDES, e o governador da Bahia. Nós mostramos aos estrangeiros nosso Estado, porque eles conhecem mais o Rio de Janeiro e São Paulo. Os estrangeiros ainda conhecem pouco Minas, lamentavelmente, a despeito do nosso esforço. Apresentei a eles uma nova carteira de PPPs que estão em andamento, que chegam a quase R$ 5 bilhões, como o transporte ferroviário na região metropolitana de Belo Horizonte, destinação de resíduos sólidos, o metrô da capital mineira.

Em relação aos trens interurbanos, há possibilidade de haver essa inserção no Triângulo Mineiro, entre Araguari, Uberlândia e Uberaba, onde já há malha ferroviária pronta?
Dentro dessa nova visão que está começando a ser discutida, e que acho correta, mas que precisa ser discutida com muita clareza, que é a região metropolitana do Triângulo Mineiro, é claro que um dos eixos é o transporte coletivo de massa, que é muito mais barato e confortável via trem, haja vista o Japão e a China. Esse sistema é um processo evolutivo. A Região Metropolitana de Belo Horizonte já existe há 40 anos e agora que estamos conseguindo colocar esse sistema de transporte.

O Estado apoia a criação de uma região metropolitana do Triângulo?
Apoia a ideia. Mas temos que ver direitinho, porque região metropolitana não é uma panaceia, um remédio universal para tudo. Devemos identificar os critérios de conurbação, das proximidades das cidades, os objetivos comuns. É bom lembrar que a região metropolitana acaba retirando um pouco a autonomia dos municípios e passando para o Estado alguns deveres que são locais. Entre Uberaba e Uberlândia, apesar da proximidade, ainda há um grande espaço, porque não há conurbação. A ideia clássica de região metropolitana é onde não podemos distinguir onde começa uma cidade e acaba a outra. Isso ainda não existe no Triângulo Mineiro. Talvez teríamos uma região metropolitana de cooperação em outros modos.

Como está o processo de extensão do gasoduto pelo Triângulo Mineiro?
Na visita da presidente Dilma Rousseff a Uberaba, eu conversei muito com ela sobre o assunto do gasoduto, que é um compromisso dela e nosso. Na verdade, a parte do Estado foi 100% cumprida. Nós não só compramos o terreno de uma antiga fábrica em Uberaba, houve a desapropriação e também fizemos a compra da empresa Gás Brasiliano, que é a empresa paulista que tem o direito do gasoduto. Falta, tão somente, a autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP), para que o gasoduto seja feito. Há uma dúvida jurídica, que está sendo resolvida na esfera federal, se o gasoduto será de transporte ou de distribuição. Aguardamos a definição, porque, inclusive, os recursos para fazer o gasoduto até Uberaba, R$ 500 milhões, estão alocados pela Cemig.

O Estado concedeu que tipo de política de atrativo para a Ambev se instalar em Uberlândia?
Fizemos tudo que a lei nos permite, com o ICMS, que está na legislação estadual, para que a Ambev, que já tem uma fábrica muito grande em Sete Lagoas, na região central do Estado, também tenha uma fábrica ainda maior em Uberlândia.

Falando um pouco de política. O senhor será candidato ao Senado ou pretende concluir o mandato como governador?
É uma pergunta difícil de ser respondida, porque ainda estamos um pouco distante deste momento. Eu faço parte de um partido, e mais do que isso, de um grupo político, cuja liderança é do senador Aécio Neves, que é o nosso candidato a presidente. Então, vamos aguardar as definições nacionais e estaduais, que só serão resolvidas no ano que vem. Eu tenho compromisso com os mineiros até o fim do ano que vem, mas, não descarto, dentro do ambiente político, uma eventual possibilidade de candidatura. Mas, não é a minha prioridade.

A indefinição do PP, em nível federal, é um fator que o senhor também leva em consideração. Já que o seu vice é do PP e o partido dele na eleição presidencial tende a seguir com a presidente Dilma, o que interferiria no palanque do candidato Aécio Neves em Minas?
Para a minha candidatura ao Senado, não. Mas, é claro que gostaríamos de ter o PP, em nível nacional, acoplado ao projeto do senador Aécio Neves. Mas, isso vai depender de diversas circunstâncias. Aqui em Minas, o PP é um partido aliado nosso há muitos anos. Essa não é uma situação exclusiva de Minas. Há partidos que compõem a base que também estão na base do governo federal. Esse quadro também se repete em São Paulo, no Paraná e em Goiás, que são estados administrados pelo PSDB.

Como o senhor avalia o flerte do governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), com o ex-prefeito de Uberlândia Odelmo Leão (PP), convidando-o para ir para o PSB e concorrer ao governo de Minas?
São duas grandes lideranças. O Eduardo Campos é uma grande liderança da política brasileira, é nosso amigo, e faz um grande governo em Pernambuco. É natural que queira fortalecer o seu partido. O ex-prefeito Odelmo Leão é, como eu sempre digo, o grande leão do Triângulo Mineiro. Ele é uma liderança política inconteste, saiu com uma aprovação olímpica da Prefeitura de Uberlândia e tem todo o direito e as prerrogativas de reivindicar qualquer posição. Mas, como eu não falei com ele sobre o assunto específico do Eduardo Campos, não posso dar uma opinião sobre o que irá acontecer.

O senhor chegou a convidar Odelmo Leão para integrar o seu governo depois que ele deixou a prefeitura?
O convite para o Odelmo é permanente. Ele sempre integrou nosso grupo. Primeiro, por ter sido secretário do ex-governador Aécio. Depois, como prefeito, a parceria foi tão íntima e tão forte, que eu era membro do governo dele e ele do nosso. Mas, é claro que essas definições vão passar muito pela decisão do futuro político do Odelmo. Ele fará uma avaliação de qual será o caminho, mas honraria qualquer governo, especialmente o meu, até pela relação de amizade e estima pessoal que tenho por ele.

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