sexta-feira, 25 de maio de 2012

UBERLÂNDIA APRESENTA DEMANDAS PARA COMBATE AO USO DE DROGAS

Em sua primeira audiência pública no interior, a Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ouviu, na manhã desta sexta-feira (25/5/12), autoridades e representantes de entidades de Uberlândia (Triângulo Mineiro) para colher propostas de combate à droga. A reunião é parte da iniciativa de conhecer a  realidade de todas as regiões do Estado para, no final de junho, elaborar um relatório final com propostas objetivas para o enfrentamento do problema. A reunião  foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Paulo Lamac (PT) e pela deputada Liza Prado (PSB) e aconteceu no Plenário da Câmara Municipal de Uberlândia.

A criação de uma clínica pública especializada no tratamento de dependentes, a implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na cidade, a ampliação do número de leitos para atendimento a dependentes químicos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), maior efetivo policial e a instalação de uma delegacia regional especializada no combate ao tráfico de drogas foram algumas das demandas apresentadas pelos representantes locais.

"O enfrentamento ao crack não é exclusivamente uma questão de segurança ou saúde”, lembrou Paulo Lamac (PT), presidente da comissão. Segundo ele, trata-se de um desafio que envolve todas as áreas da sociedade. O deputado mencionou os cinco eixos principais de atuação da comissão: prevenção, tratamento, reinserção social, repressão qualificada e financiamento ao enfrentamento. A partir das informações colhidas pela comissão, afirmou, serão elaborados projetos de lei para que o Estado de Minas Gerais esteja melhor preparado para enfrentar o problema.

A presença de diversas autoridades e representantes de entidades ligadas à questão das drogas foi aplaudida pela deputada Liza Prado (PSB). Ao apelidar a comissão de “Comissão da Esperança”, ela manifestou sua crença de que, com a participação de toda a sociedade, “poderemos oferecer um alento às famílias que vivem esse drama no dia a dia”.

Comunidades terapêuticas não são espaços mais adequados

Ao mencionar que está batalhando por uma clínica pública para tratamento de viciados em drogas em Uberlândia, o deputado Tenente Lúcio (PDT) disse que, apesar de as apelidadas “fazendinhas”, entidades de recuperação ligadas a instituições filantrópicas, realizarem um “trabalho extraordinário”, elas  estão muito aquém do necessário.

Em relação a essa questão, o promotor de Justiça da Comarca de Uberlândia, Lúcio Flávio de Faria e Silva, contou que diversas das chamadas “comunidades terapêuticas” foram fechadas pelo Poder Judiciário local em virtude de estarem lucrando com o desespero das famílias. Segundo ele, essas casas de recuperação cobravam até R$ 6 mil mensais e não ofereciam real auxílio aos dependentes, tendo sido registrados, inclusive, abusos sexuais, agressões e até morte.

O secretário municipal Antidrogas e de Defesa Social, José Pacífico Martins Ferreira, disse que sua pasta tem como foco principal a prevenção. Ele defendeu o sequestro dos bens de traficantes e que esses criminosos cumpram suas penas na íntegra, sem o benefício da progressão concedido a outros presos. Apoiou ainda a ideia de se aumentar a carga tributária sobre consumo de álcool e tabaco, com a fonte adicional destinada ao Fundo
Nacional Antidrogas.

Pessoal – A necessidade de aumento do efetivo policial foi levantada por diversos participantes. O integrante do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas, Renato Borges Gularte, por exemplo, garantiu que Uberlândia precisa, atualmente, de pelo menos mais mil policiais militares. Além disso, citou que a cidade conta hoje com 20 delegados de polícia, quando deveria ter, no mínimo, 50. “Não é possível que os efetivos das polícias estejam tão  aquém da necessidade”, concordou o deputado Paulo Lamac.

A carência de pessoal e estrutura para fazer o acolhimento aos dependentes foi lembrada também pela professora Maria Abadia Guerra, coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Outras Drogas (Caps-AD), da Universidade Federal de Uberlândia. Além da carência numérica, ela destacou a falta de preparo emocional dos profissionais. Muitos têm medo de trabalhar com dependentes químicos, relatou.

Lembrando que a Polícia Militar atua tanto na repressão quanto na prevenção ao uso de drogas, o chefe do Núcleo de Prevenção Ativa da Polícia Militar de  Minas Gerais (PMMG) de Uberlândia, tenente Thales Bastos Sampaio, citou o Programa Estadual de Resistência às Drogas (Proerd), uma iniciativa da  PMMG para conscientizar os jovens nas escolas sobre os males provocados pelas drogas.

A coordenadora do Conselho Regional de Serviço Social/MG - 6ª Região, Flávia Maria da Silva Santana, falou da necessidade de instalação de uma rede terapêutica que não se limite às clínicas de recuperação. Para o professor o Centro Universitário do Triângulo, Claudinei do Nascimento, é preciso despertar a consciência para a importância da família no trabalho de prevenção e combate às drogas.

Outras presenças – Compuseram a mesa dos trabalhos também o delegado de Polícia Civil Eduardo Fernandes Perez Leal; o advogado Franco Cristiano Alves; e o vereador Zezinho Mendonça.

Fonte:ALMG

Nenhum comentário:

Postar um comentário