Estado com maior expectativa de vida,
Santa Catarina tem idosos que vivem mais e melhor
Para Eddy Frantov, o segredo de chegar aos 85 anos é se alimentar bem e estar sempre ocupada com alguma atividade Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS
Pesquisa do IBGE revela que expectativa de vida do brasileiro aumentou 12,4 anos entre 1980 e 2013 e Santa Catarina é o primeiro colocado
Hyury Potter - hyury.potter@diario.com.br
Os bons índices de qualidade de vida aliados a avanços em programas públicos de atenção ao idoso e, principalmente, hábitos saudáveis de boa parte da população podem ajudar explicar a posição privilegiada de Santa Catarina quando o assunto é expectativa de vida de seus habitantes.
De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado possui a melhor esperança de vida ao nascer do Brasil em 2013: com 78,1 anos de média. A média nacional ficou em 74,9 anos, um aumento de três meses e 15 dias em relação ao levantamento feito no ano anterior. Uma boa notícia, mas que vem acompanhada de um alerta sobre a aposentadoria, afetada pelo fator previdenciário, que leva em conta a expectativa de vida nacional quando o trabalhador resolve parar.
Acesse os dados completos no site do IBGE - As mulheres em Santa Catarina apresentaram o melhor resultado, com 81,4 anos. Idade já superada por Eddy Frantov, de 85 anos e muita energia. Moradora de Florianópolis há 10 anos, quando trocou as buzinas de São Paulo pelo barulho do mar do Rio Vermelho, essa gaúcha de nascimento acorda cedo e às 7h30 já está na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde ajuda a organizar passeios e outras atividades para idosos do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (Neti).
— Saí de São Paulo porque a cidade era muito insegura. Apesar da criminalidade ter aumentado em Santa Catarina, aqui você ainda tem qualidade de vida. Procuro sempre fazer algo para não ficar parada - diz Eddy, que não perde uma piada sobre a sua idade: "Quando a morte bate na minha casa, eu já saí há muito tempo (risos)".
Com quatro cursos feitos no Neti no currículo, o bancário aposentado Sérgio Venturelli, 71 anos, também aposta na qualidade de vida para garantir a longevidade:
— Faço aula de dança com a minha esposa e outros cursos, além de carpintaria. O segredo é se manter em atividade.
O aumento da expectativa de vida dos moradores do Estado não é uma novidade para Jordelina Schier, coordenadora do Neti. O núcleo oferece cursos a idosos e teve um aumento de quase 100 alunos entre 2013 e 2014.
— Houve um avanço muito grande no país, principalmente dos últimos 10 anos, na área de saúde. Além disso, o próprio aumento da renda do brasileiro resulta em melhora de qualidade de vida - explica a coordenadora do projeto que tem atualmente 739 alunos.
Medicina a favor da longevidade
A população está vivendo mais e envelhecendo de forma mais saudável - afirma Fernando Albuquerque, pesquisador do IBGE.
Por outro lado, a faixa etária dos 15 aos 19 anos foi a que teve menos redução da mortalidade nesses 33 anos. Nos homens de 17 e 18 anos, a taxa de mortalidade é exatamente a mesma de 1980.
O resultado final representou um avanço para Santa Catarina. Em 1980, os catarinenses perdiam para Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Com 10,9 anos a mais para os homens e 11,8 anos para as mulheres, o Estado pulou para a primeira colocação na última pesquisa do instituto, que leva em consideração os dados do Censo, além de número de mortalidade.
Previdência perde força com melhora da expectativa de vida
Bom para a saúde, ruim para o bolso. Desde 1999, com a sanção da lei 9.876, que criou o fator previdenciário, essa é a lógica quando se registra um aumento da expectativa de vida do brasileiro. Isso porque a fórmula que determina quanto o trabalhador vai ganhar leva leva em consideração, além do tempo de serviço, a esperança de vida média do país na data que ocorre o pedido de aposentadoria.
Com base nos dados atualizados do IBGE, o Instituto Brasileiro de Estudos Previdenciários (Ibep) calcula que o aumento da longevidade levou a uma redução de até 0,92% na aposentadoria dos homens e de 0,78% na das mulheres.
As informações contidas nas Tábuas Completas de Mortalidade do Brasil de 2013 são utilizadas pelo Ministério da Previdência Social como um dos parâmetros para determinar o fator previdenciário, no cálculo das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social. Para a professora da Universidade do Valei do Itajaí (Univali), Magali Negoesek, especialista em Direito Previdenciário, isso prejudica quem se aposenta cedo.
01/12/2014 | 21h07
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