Servidores do órgão lotaram o Teatro da ALMG em audiência pública para cobrar do governo antigas reivindicações.
Com faixas e cartazes reivindicando melhoria salarial, implantação de plano de carreira e realização de concurso público, mais de 400 técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater), com apoio de agricultores familiares, vereadores e prefeitos de municípios do interior, lotaram o Teatro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na tarde desta quarta-feira (19/3/14), O objetivo da reunião, foi o de dar continuidade ao debate sobre as reivindicações da categoria, já trazidas à ALMG há dois anos em outra audiência pública. A ausência de representantes da empresa e do Estado na reunião, a despeito do convite a eles endereçado, chamou a atenção dos presentes e motivou a apresentação de requerimentos por parte da comissão a pedido dos manifestantes, que exigem uma resposta da empresa e do governo às reivindicações da categoria.
Os ofícios com pedidos de informações serão encaminhados à direção da Emater e à secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena. Neles, a comissão vai questionar as razões por que os órgãos do governo não enviaram representantes à reunião e solicitam informações sobre as ações do grupo técnico criado há dois anos para analisar a implantação de um plano de carreira para os funcionários da Emater.
Empresa tem déficit de funcionários
O diretor-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Sinter), Carlos Augusto de Carvalho, não escondeu sua surpresa pelo fato de a direção da empresa não estar presente e não ter justificado a ausência. Ele fez um histórico detalhado da luta dos extensionistas rurais pela implantação do plano de cargos e salários e pela realização de concurso público para preenchimento de 400 vagas na empresa e afirmou que a categoria, em campanha salarial, está com salários defasados e perde quadros para outras instituições.
Carlso Augusto de Carvalho relatou que a Emater conta hoje com 2.064 funcionários, dos quais 57,91% são extensionistas que atuam no campo, com apenas um técnico para 324 produtores. “Estamos presentes em 690 municípios”, disse, frisando, contudo, que o número de extensionistas é insuficiente para atender à demanda dos produtores rurais. “Mesmo assim a empresa é reconhecida e premiada”, observou. Segundo ele, o déficit gera grande sobrecarga de trabalho sobre os servidores da empresa, que sofrem com a falta de perspectiva e a baixa remuneração.
O presidente do sindicato acrescentou que o plano de cargos e salários em vigor na empresa data de 1986, está completamente defasado e não contempla as necessidades dos servidores. Quanto a concurso público, segundo ele o último foi realizado em 2004. Ele afirmou ainda que a maioria dos funcionários da empresa conta com mais de 15, 20 e até 30 anos de carreira, o que gera, como consequências, desmotivação, descrédito na instituição, estresse e outras doenças em função do ambiente e da situação de trabalho. Ele criticou também os “privilégios dispensados a minorias que ocupam cargos de confiança e a perda de pessoal treinado com recursos públicos”. “Não dá mais para adiar, é urgente que se faça a implantação de nosso plano de carreira”, disse. E prognosticou que, como está, “a situação vai inviabilizar o serviço de assistência técnica rural”.
A assessora de política agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Mariana Gabriela Moreira, defendeu a realização de concurso para a Emater e um plano de carreira para a categoria e elogiou a excelência do quadro de funcionários da empresa. Marcos de Sousa, técnico agrícola e diretor jurídico do Sindicato dos Técnicos Agrícolas de Minas Gerais (Sintamig), também defendeu o plano de carreira e parabenizou a categoria pela mobilização.
Extensionista de formação e integrante do Conselho Técnico-Administrativo da Emater Emílio Elias Mouchrek Filho, lembrou que há dois anos o Estado prometeu agilizar o processo de PDV (programa de demissões voluntárias), para, em seguida, promover o plano de cargos e salários, mas até hoje não cumpriu a promessa. “A Emater só está conseguindo atender metade dos produtores rurais do Estado, o que se configura como um grave problema social”, disse.
Antônio Gomes Arcanjo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Assessoramento, Pesquisa, Perícia, Informações e Congêneres de Minas Gerais (Sintappi-MG), e Marcos de Souza, representante do Sindicato dos Técnicos Agrícolas de Minas Gerais (Sintamig), também manifestaram solidariedade aos colegas. Francisco Rocha Neto, prefeito de São Francisco (Norte de Minas), falou da importância da Emater para a agricultura familiar e mencionou a sua insatisfação em relação “ao desrespeito com os prefeitos devido a ingerência política”.
Deputada manifesta apoio
A deputada Liza Prado (Pros) também compareceu à reunião e manifestou apoio aos extensionistas da Emater. A parlamentar louvou a unidade e a mobilização da categoria e lembrou que no ano passado os manifestantes também compareceram em massa a outra audiência pública na ALMG. “A Emater é responsável pelo que há de mais avançado na agricultura”, afirmou.
Debates – Na fase de debates, em discurso inflamado, Maria Lúcia Coutinho, extensionista de Pouso Alegre (Sul de Minas), pediu apoio dos parlamentares à luta dos funcionários da empresa. Renilda Alves de Souza, agricultora familiar em Salinas (Norte de Minas), contando que viajou 14 horas para participar da reunião, também reforçou o pedido de apoio, afirmando que “a Emater não pode acabar”. Pascoal Pereira de Almeida, funcionário da Emater de Bocaiúva (Norte de Minas), denunciou o que chamou de paradoxo. "A empresa que coleciona títulos não oferece condições de trabalho para seus funcionários”, afirmou.
Fontes: ALMG/ Assessoria deputada Liza Prado
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