terça-feira, 16 de outubro de 2012

Homenagem a Cecília Magalhães Gomes

Cecília (10/06/1948 - 10/06/2012), pessoa extremamente doce e sensível, foi, desde nova, uma autêntica representante daquela geração da década de 60, que, "no mínimo, queria", como diz a Teuda Bara, do Grupo Galpão, " mudar o mundo". Neste sentido, não foi, em definitivo, uma mulher comum, ao contrário, teve uma trajetória de forte presença nas movimentações sociais do nosso tempo. Muito nova, participou ativamente do movimento estudantil, desde o Colégio Aplicação, chegando a presidir o Centro de Estudos de História da Fafich da UFMG, foi presidente do Diretório Acadêmico da Fafich/UFMG, e participou do DCE da UFMG, num período em que o Movimento Estudantil passou por forte renovação, renascendo, em certa medida, após período de brutal repressão por parte da ditadura militar. Junto com o Flávio Serpa, então seu companheiro, esteve presente nas principais iniciativas de uma imprensa popular e democrática, de oposição à ditadura militar, participando deste a fundação dos jornais Opinião e Movimento. De volta a Belo Horizonte, integrou-se ao movimento feminino pela Anistia e, em seguida, dos movimentos em defesa dos direitos das mulheres, sobretudo populares, sendo uma das fundadores do Movimento Popular da Mulher. Cecília era irmã do Luiz Marcos Magalhães Gomes, o Luizinho da UNE, ou o Marcos Gomes, editor do Opinião e do Movimento e filha do professor Francisco Magalhães Gomes, carinhosamente chamado de "Chiquinho Bomba Atômica" por sua contribuição para o desenvolvimento das ciências, junto a UFMG. Nesta trajetória, foram constantes sua capacidade de conviver com as diferenças, que a tornava pessoa extremamente querida, bem como a sua capacidade de doação, as vezes em seu próprio prejuízo, às causas coletivas e comuns.
Ultimamente, vitimada por este mal que atormenta nos dias de hoje muitos seres humanos, a depressão, resistiu a isto com muita dignidade e contou para isto com grande apoio de seus familiares, particularmente, do irmão, Luiz Marcos Gomes. Finalmente, morreu, por meio de um gesto de extrema coragem, independente de quem concorde ou discorde dele.
Que viva a Cecília, que vivam muitas "cecílias", o mundo certamente seria muito melhor. 
Luiz Bernardes 




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