quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Tecnologia é fundamental para avanço do esporte paralímpico

Especialistas no assunto se reuniram na ALMG para discutir a modalidade; cobrança por mais recursos também foi debatida.

A importância de pesquisas para o desenvolvimento de novas tecnologias relacionadas ao esporte paraolímpico foi um dos principais pontos debatidos em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (23/9/14). A reunião foi promovida pelas Comissões de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e de Esporte, Lazer e Juventude, a pedido da deputada Liza Prado (Pros). O objetivo do encontro foi discutir a situação do esporte paraolímpico na atualidade.

De acordo com o PhD em Engenharia Mecânica e coordenador do Laboratório de Projetos Mecânicos da Universidade Federal de Uberlândia, Cleudmar Amaral de Araújo, é preciso maior incentivo a pesquisadores brasileiros que trabalham na área do paradesporto. Para ele, é fundamental o desenvolvimento de tecnologias para avançar na questão paraolímpica. “São muitos os equipamentos tecnológicos e muitas as inovações que ajudam os atletas em várias etapas do esporte, como na fase de preparo físico”, exemplificou.

Cleudmar Amaral disse que um dos problemas, no Brasil, é o fato de pesquisadores trabalharem ainda de forma isolada. Para ele, é preciso mais diálogo. “Outro desafio do País é evidenciar cada vez mais no esporte e em outras áreas a capacidade da pessoa com deficiência, e não sua deficiência”, acrescentou.

O professor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marco Túlio de Mello também ressaltou a importância das pesquisas voltadas para o esporte paraolímpico. Ele destacou, ainda, razões para incentivar a modalidade. “O esporte paraolímpico traz a adesão da pessoa com deficiência para a prática esportiva”, afirmou. Para ele, o fomento ao esporte para aqueles que querem apenas praticá-lo como lazer também é fundamental.

Convidados cobram mais recursos públicos
O professor da UFMG credita o sucesso do esporte paraolímpico brasileiro ao fato de a modalidade ter se associado “firmemente” às universidades do País. “Essas instituições apresentam grande papel na formação e no repasse de conhecimento na área”, pontuou. Para ele, no entanto, ainda é preciso mais fomento e apoio no desenvolvimento do esporte paraolímpico e recreativo dentro de universidades ou de centros próprios. Ele cobrou mais políticas públicas estaduais para o desenvolvimento da área em Minas Gerais.

Para o defensor público Estevão Machado de Assis, “falta uma mão do Estado” para que iniciativas pró-esporte paraolímpico cresçam. Isenção fiscal na compra de equipamentos para pessoas com deficiência, fomento de políticas públicas específicas e de parcerias com empresas que desenvolvem projetos na área foram algumas das sugestões destacadas pelo defensor público para a melhor atuação do Estado.

O gerente de Atendimento Jurídico e Social da Prefeitura de Belo Horizonte, Luiz Henrique Porto Vilanio, criticou o baixo investimento de Minas Gerais no esporte paraolímpico. “Os orçamentos da Prefeitura e do Estado são quase equivalentes. O governo mineiro investe muito pouco na área”, disse. Ele acredita que seja importante não só ampliar os recursos como quantificar os investimentos específicos voltados para a pessoa com deficiência, tanto nas políticas públicas da Prefeitura como nas do Estado. “Sabemos qual o orçamento geral da saúde, mas quanto é gasto especificamente com ações para pessoas com deficiência?”, questionou.

Conquistas - A deputada Liza Prado ressaltou que paratletas brasileiros têm alcançado grandes conquistas em competições internacionais. “Mas fico angustiada ao saber que há muitos que não conseguem apoio”, pontuou. Segundo ela, o Estado brasileiro tem criado aparato para esses profissionais, mas ainda há dificuldades a serem superadas. A deputada destacou, ainda, o aumento da autoestima e o estímulo à autonomia como vantagens do esporte para pessoas com deficiência.
A presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Kátia Ferraz Ferreira, ressaltou que o esporte paraolímpico tem alcançado melhor desempenho que o praticado por pessoas sem deficiência. “No entanto, muitos atletas têm dificuldade de colocação de recursos com relação à sua atividade esportiva”, frisou. Para ela, o esporte é uma forma de desenvolvimento de potencialidades das pessoas com deficiência. “A prática ajuda na luta contra a invisibilidade. Queremos ser contemplados e não mais ignorados”, concluiu.



Fonte: site ALMG

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