Enem será considerado na avaliação do ensino superior
MARIANA TOKARNIA -
AGÊNCIA BRASIL - 27/04/2016 - BRASÍLIA, DF
O
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passará a contar na avaliação de cursos e
de instituições de ensino superior. O desempenho servirá como marco zero da
avaliação do estudante, que será feita também no final do curso. A mudança faz
parte de uma série de alterações nos critérios de avaliação do ensino superior
que estão sendo desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Em
coletiva no Ministério da Educação (MEC), a autarquia anunciou que criará o
chamado Indicador da Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD),
que será calculado com base na comparação dos resultados dos estudantes no
Enem, quando ingressam nos cursos, e no Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes (Enade), aplicado no último ano da graduação.
Medir
a aprendizagem
A
intenção é medir o que o estudante aprendeu na instituição de ensino.
Atualmente, a avaliação é feita apenas com o Enade, no final do curso. Com o
Enem, será possível, de acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
saber como o estudante ingressou na universidade e depois medir o quanto
aprendeu.
`Às
vezes, a instituição pegou um aluno em um padrão melhor que outra e o que
agregou de conhecimento é muito pouco diante daquilo que outra instituição, que
pegou aluno com nível muito mais baixo, elevou no final. Estamos avaliando o
quanto o estudante cresceu naquele curso, o quanto ele aprendeu`, diz.
Ao
contrário do Enade, necessário para que o estudante receba o diploma, o Enem
não é um exame obrigatório. O MEC acredita, no entanto, que este não será um
problema, uma vez que a maior parte dos estudantes que ingressa no ensino
superior atualmente faz o exame, mesmo que não o utilize como forma de ingresso.
O
Inep pretende também revisar o Enade. Hoje as notas são calculadas por
comparação com o desempenho de outros cursos. A autarquia quer criar níveis de
proficiência para medir o desempenho dos alunos. `Atualmente, mesmo que a
instituição tenha um resultado muito positivo, o desempenho pode ser totalmente
relativizado se outra instituição teve desempenho superior a ela. Mesmo que
faça um esforço para melhorar, se outras melhorarem mais, ela pode até cair no
ranking`, explica o presidente do Inep, Luiz Roberto Curi. A classificação em
níveis, que ainda serão definidos, segundo ele, resolveria a questão.
Avaliação
do ensino superior
Hoje
o ensino superior é avaliado de acordo com o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior (Sinaes). O Enade, feito pelos estudantes, tem o maior peso
nas avaliações e corresponde a 70% do chamado Conceito Preliminar de Curso
(CPC), que por sua vez é usado no cálculo do Índice Geral de Cursos (IGC). Para
cada um dos índices há um conceito mínimo, se o curso ou a instituição não
atinge, sofre sanções e pode até deixar de funcionar.
O
Inep pretende substitui o atual CPC pelo Índice de Desempenho dos Cursos, que
levará em consideração as mudanças no Enade. O índice vai considerar ainda as
taxas de conclusão, permanência e desistência dos estudantes, além do
desenvolvimento dos professores. Serão consideradas as titulações dos docentes,
o regime de trabalho e a permanência deles nos cursos de graduação.
Já o
IGC será substituído pelo Índice de Desempenho Institucional, que vai
considerar, entre outros indicadores, as atividades de extensão desenvolvidas
pelas instituições de ensino.
A
composição dos indicadores e os pesos de cada uma das avaliações ainda serão
definidos pelo Inep. Caso aprovado, a reformulação poderá começar a valer ainda
este ano no Enade. O grupo de trabalho que discute a avaliação da educação
superior inclui além do Inep, secretariais do MEC, representantes de
instituições públicas e privadas, Conselho Nacional de Educação, entre outras
entidades.
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