Fórum
do Idoso listou propostas para políticas públicas.
Entre as sugestões debatidas em
audiência, a redução da idade para o passe-livre e a punição
mais rígida a maus tratos
Deputada Liza Prado recebe, da coordenadora do Núcleo de Meio Ambiente e Saúde da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Márcia das Chagas e Vallone, propostas que serão transformadas em requerimentos em prol dos idosos
Co-autora do Projeto de
Lei que determina a gratuidade no serviço de transporte coletivo
intermunicipal no Estado de Minas Gerais às pessoas com idade
superior a 60 anos, a deputada Liza Prado foi a autora do
requerimento que originou a audiência pública que a Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)
realizou na quarta-feira, dia 25 de junho. O objetivo foi debater os
resultados do 3º Fórum Mineiro sobre os direitos do idoso,
realizado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Geirais
(PUC Minas).
Conceder passe-livre
aos 60 anos (e não aos 65, como é hoje), ampliar a divulgação dos
direitos desse segmento da sociedade, punir com mais rigidez maus
tratos a idosos, fortalecer a rede de atendimento, disponibilizar
mais vagas nas Instituições de Longa Permanência para Idosos
(ILPI) e ampliar o acesso de municípios de pequeno porte ao Programa
Mais Vida. Essas foram algumas das propostas do Fórum apresentadas
na audiência pública pela coordenadora do Núcleo de Meio Ambiente
e Saúde da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC
Minas), Márcia das Chagas e Vallone.
O 3º Fórum Mineiro
sobre os direitos do idoso foi realizado pela PUC Minas, com o apoio
da ALMG e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em maio deste ano,
com a presença de 400 pessoas. As atividades do Fórum foram
centradas em envelhecimento com qualidade de vida. A deputada Liza
Prado (PROS), que participou do encontro, ressaltou que as
questões afetas ao segmento devem ser consideradas como prioritárias
pelos gestores públicos.
Na audiência, Liza
Prado destacou a importância da reunião, “pois permite que o
Parlamento conheça dados e ouça as pessoas envolvidas com trabalhos
direcionados aos idosos, para utilizar tais informações na
elaboração de políticas públicas que atendam ao segmento”.
Exemplo disso, lembrou a parlamentar, é a Lei 21.121, de 2014, que
permite a idosos passe-livre nos ônibus intermunicipais e da qual é
uma das autoras. A norma, aprovada pela ALMG em dezembro de 2013 e
vigorando desde 1º/3/14, responde a uma das demandas apontadas no
debate sobre os resultados do "1º Fórum", realizado em
2009.
"Com esta
audiência, podemos discutir resultados, além de obter dados
específicos sobre o assunto, que podem melhor embasar debates, ações
e políticas públicas. É também essencial que as informações
saiam do âmbito das universidades e sejam expostas para todo o
Estado, como é feito por meio da TV Assembleia, a fim de divulgar
esses importantes conhecimentos sobre a realidade dos idosos
mineiros", destacou Liza Prado.
Convidados
apresentam dados sobre realidade dos idosos mineiros
O coordenador do Disque
Direitos Humanos (serviço Disque 100) da Secretaria de Estado de
Defesa Social, Jorge Luiz de Noronha, apresentou dados registrados
pelo serviço ao longo de 14 anos de atuação. Segundo ele, entre
2001 e 2009, antes de haver as campanhas pró-idosos e pró-denúncias,
o Disque 100 recebia uma média anual de 200 reclamações. Após
2010, com a ampliação da divulgação e a realização de
campanhas, o número médio passou a rondar, e até mesmo a superar,
mil denúncias anuais.
Outro dado importante
ressaltado por ele diz respeito ao caráter das denúncias.
“Diferentemente do que pensávamos, a maioria das denúncias não
envolve entidades de acolhimento ou abrigo, mas sim maus tratos
vindos de familiares", informou. As outras queixas mais comuns
envolvem diferentes formas de abandono e lesão financeira. "Há
ainda uma situação que vem crescendo, as drogas vitimando idosos,
por vício próprio ou de familiares”, lamentou Noronha. Ele ainda
alertou que os resultados mais efetivos, no que tange ao poder
público, são em âmbito municipal, e que as ações de conciliação
tem se destacado, registrando os resultados mais concretos.
Visão similar tem o
promotor de justiça dos direitos dos idosos, Leonardo Costa
Coscarelli que, ao abordar as funções do Ministério Público,
destacou a necessidade de que sejam “criadas soluções diferentes
e que tragam resultados efetivos, adotando uma postura mais
restauradora e focada na mediação”. Nesse sentido, alertou o
promotor, antes de levar uma questão ao Judiciário, é preciso
construir mecanismos alternativos para solucionar demandas, fazer
contatos, chamar familiares e, se for o caso, encaminhá-los a
programas de mediação. Ele ainda lembrou as dificuldades na função
fiscalizadora do MP, uma vez que muitos problemas são instáveis e
podem se repetir após a fiscalização. Assim, garantiu Coscarelli,
sua promotoria tem privilegiado a intervenção extrajudicial.
Claryssa Christina
Figueiredo, subsecretária de Direitos Humanos, listou programas de
proteção ao idoso no âmbito do Estado, como as facilidades
estruturais oferecidas ao Conselho Estadual do idoso. Segundo ela,
ainda nesta semana, o governador vai assinar um decreto que libera o
Fundo Estadual de Atenção à Pessoa Idosa. Informou que está em
elaboração o Plano Estadual de Atenção ao Idoso e a criação da
Rede de Atenção ao Idoso, e que está sendo feito um mapeamento de
projetos de outras secretarias “para articularmos a ampliação e a
criação de projetos integrados”, afirmou. Ela ainda ressaltou o
investimento da pasta em capacitações para assessorar municípios e
em campanhas de alerta e combate à violência contra idosos.
O advogado e professor
da faculdade Milton Campos, Camilo Machado, destacou a importância
do debate, ressaltando que assim o Parlamento legisla sobre dados.
Ele abordou dificuldades enfrentadas pelos municípios de pequeno
porte e sugeriu que a comissão propusesse requerimento para que
parte do orçamento seja destinado as questões dos idosos. Machado
ainda insistiu na necessidade de haver formação técnica dos
cuidadores, inclusive com capacitação física, para que tenham
condições efetivas de dar suporte e amparar os idosos. Para o
advogado também faltam políticas estaduais para reinserir idosos em
atividades físicas. Por fim, sugeriu, e foi acatado pelo presidente
da comissão, que seja requerido do Estado a criação de curso
profissionalizante de cuidadores de idosos.
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