Pesquisadores
desenvolvem janelas inteligentes
Imagine um prédio que possua uma
fachada composta por vidros autolimpantes. Boa parte da sujeira seria removida
simplesmente pela ação da chuva e da radiação solar, diminuindo os custos de
manutenção. Essa tem sido uma das aplicações que os pesquisadores da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) estão desenvolvendo através do projeto
Investigação fotoeletroquímica de filmes finos de óxidos semicondutores
aplicados a células solares de terceira geração, apoiado pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
Sabe-se que a conversão da energia
solar e sua aplicação em larga escala pela sociedade requer o desenvolvimento
de novos materiais e dispositivos eficientes, que possibilitem a integração com
a infraestrutura existente. Para que isso seja possível, os pesquisadores
propuseram o desenvolvimento de filmes finos, quase imperceptíveis a olho nu,
sobre a superfície de diferentes substratos vítreos e cerâmicos.
Desta forma, janelas e outras
superfícies podem se tornar autolimpantes e serem capazes de contribuir para
purificação. O coordenador do projeto, Antônio Otávio de Toledo Patrocínio,
descreve esse processo. “Quando o vidro contendo o filme for exposto à luz
solar, a água será fortemente atraída para a superfície, evitando o acúmulo de
gotas. Como resultado, o vidro não vai embaçar e o acúmulo de gorduras sobre a
superfície irá diminuir. Mais do que isso, esses vidros são capazes de decompor
gases tóxicos ou odores presente na atmosfera pela ação da radiação
ultravioleta”.
Esses filmes são constituídos por
nanopartículas de óxidos metálicos e são depositados por simples imersões
alternadas sem necessidade de equipamentos especiais, um processo conhecido
como automontagem (ou layer-by-layer). Diferentes materiais podem ser
empregados e a composição do filme pode ser variada. “Ao utilizarem o óxido de
titânio em conjunto com o óxido de tungstênio o grupo de pesquisa foi capaz de
dobrar a eficiência de degradação de poluentes gasosos em relação a filmes
comerciais”, acrescenta o pesquisador.
Os resultados dessa pesquisa levaram
a um pedido de depósito de patente, com apoio da FAPEMIG, e, agora, novas
aplicações são propostas para o aproveitamento da energia solar. “Acredito que
esses novos materiais e dispositivos podem contribuir para uma maior inserção
da energia solar na sociedade, aumentar a qualidade de vida e garantir um
futuro sustentável”, conclui Antônio Patrocínio.
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